Fechado o calendário de pagamento de proventos de 2024 e o saldo é bastante positivo, com um crescimento de 13% no volume de dividendos pagos pelas empresas listadas na B3 na comparação com os doze meses de 2023. O resultado, porém, ficou atrás dos anos de 2021 e 2022, este último o ano recorde em pagamento de proventos.
O destaque positivo ficou por conta de Petrobras (PETR4). Em 2024 a empresa teve um crescimento de 4% no volume de proventos pagos ante o mesmo período de 2023.
“Apesar de termos vislumbrado a possibilidade de um Dividend Yield (DY) superior a 15%, houve resistência por parte do governo em relação aos dividendos extraordinários no primeiro trimestre, que gerou o desgaste do então presidente Jean-Paul Prates custando-lhe a cadeira da gestão da estatal. Tudo indicava que haveria alguma mudança na política de distribuição de proventos, o que acabou não acontecendo”, afirma Wendell Finotti, CEO da Meu Dividendo, plataforma especializada de antecipação de dividendos.
Além de Petrobras, as empresas que mais contribuíram para este resultado foram a Itaú Unibanco (ITUB4), Itaúsa (ITSA4) e Telefônica (VIVT3) com crescimentos de 124%, 89% e 27,5%, respectivamente, no volume total de proventos pagos em 2024 em relação ao ano anterior.
O grande crescimento da Telefônica (VIVT3) vem da redução do capital social e restituição desses valores aos seus acionistas. A empresa restituiu R$ 1,5 bilhão aos seus acionistas em 2024 e já aprovou nova redução de capital social no valor de R$ 2 bilhões a ser realizada em 2025, o que equivale a um valor de R$1,22 por ação. Já a Vale (VALE3), como esperado, decepcionou e reduziu o volume de proventos pagos em 24%, assim como a BB Seguridade (BBSE3).
Um destaque vai para as empresas do setor elétrico. A grande maioria das companhias desse segmento apresentaram um crescimento no pagamento de dividendos superiores a 40% na comparação com os resultados do ano de 2023. Dentro do setor elétrico algumas empresas decepcionaram significativamente. É o caso da Auren (AURE3) com uma queda de 86,7% e Engie Brasil (EGIE3) com uma redução de 53%.
No setor de Consumo Cíclico, as empresas de construção civil fizeram a diferença. Entretando, a grande empresa do setor de Consumo Cíclico, a Ambev (ABEV3), apresentou uma redução de 66% no volume de proventos pagos, somando apenas R$ 3,86 bilhões pagos em 2024 ante R$ 11,5 bilhões distribuídos em 2023.
No setor de bens de consumo não cíclico, as empresas de proteína animal JBS (JBSS3), Marfrig (MFRG3) e BRF (BRFS3) fizeram grandes distribuições de proventos e foram as grandes responsáveis pelo desempenho do setor.
Já o grande destaque do setor de bens industriais ficou por conta da Santos Brasil (STBP3) que pagou mais de R$ 2 bilhões de proventos em 2024 ante pouco mais de R$ 300 milhões distribuídos aos acionistas em 2023.
Mais de R$80 bilhões já provisionados para pagamento em 2025
2025 está chagando com boas notícias e já apresenta um provisionamento de mais de R$80 bilhões em proventos a serem pagos aos acionistas das empresas listadas na Bolsa ao longo de todo o ano. Para efeito de comparação, 2024 iniciou o ano com apenas R$ 57,33 bilhões de pagamentos provisionados vindos de 2023. Um crescimento de 40%.
Para Finotti, “a Petrobras deverá continuar seguindo como uma das grandes pagadoras de proventos da B3, basicamente por 3 motivos:
- A empresa vem mantendo uma política de preços dos combustíveis que permite auferir lucro na operação e então, dividir parte desse lucro com seus acionistas.
- O Governo Federal, principal acionista da empresa, precisa aumentar sua arrecadação para fazer frente aos desafios orçamentários. Como é um dos principais beneficiados pelos dividendos, não deverá intervir de forma a barrar distribuições de proventos pela companhia.
- A atual gestão apresentou o novo plano de negócios da empresa onde aumentou a meta de dívida bruta da companhia para US$ 75 bilhões e reduziu seu nível mínimo de caixa para US$ 6 bilhões, abrindo espaço para o aumento do pagamento de dividendos”.
Com as incertezas econômicas rondando o mercado e as consequências potenciais para os resultados das empresas, as empresas com forte solidez financeira, baixo endividamento e com bom histórico de pagamento de proventos devem estar na mira do investidor que está procurando se proteger de grandes oscilações, mas que deseja continuar investindo em empresas listadas na bolsa brasileira.
Uma das estratégias para os investidores criada pela plataforma Meu Dividendo é o acrônimo com as iniciais dos setores que mais pagam proventos no Brasil: EGGSS – Energia, Gás e Óleo, Grandes Bancos, Saneamento e Seguros.
As empresas nos setores de serviço público como Energia e Saneamento costumam ter uma demanda fixa contratada, revisão tarifária com base na inflação, baixos investimentos e elevada geração de Caixa. O setor financeiro é o que mais paga proventos na B3. Têm baixa competição entre as instituições financeiras, o que lhes confere uma elevada lucratividade. Já o setor de seguros tem crescido ano a ano no Brasil. Novos produtos estão sendo lançados e o brasileiro criou o hábito de adquirir seguros pessoais e patrimoniais.
Proporção de proventos pagos via JCP teve queda de 3% em 2024
Após as novas medidas aprovadas pelo Congresso em dezembro de 2023 para tentar reduzir a utilização de JCP pelas companhias de capital aberto da B3, o volume total de proventos pagos ao longo do ano de 2024 teve uma queda proporcional de 3% em relação ao volume total de proventos pagos no ano.
Prazo Médio para recebimento de proventos foi de 81 dias em 2024
Em 2024, o investidor demorou, em média, 81 dias para receber seus proventos desde a Data Com; praticamente o mesmo prazo praticado pelas empresas em 2023 que foi de 82 dias.