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Uma das várias faces dos juros altos está na quantidade de carteiras de crédito, que não foram pagos por pessoas físicas e empresas, e foram postas à venda. No primeiro trimestre, apenas os grandes bancos – Santander, Bradesco e Itaú Unibanco – ofertaram R$ 17 bilhões ao mercado. Se forem considerados bancos menores e outras instituições, a oferta supera os R$ 22 bilhões.
É um pouco mais do que a do mesmo trimestre de 2022. Mas mais do que valores, chama a atenção o fato de que boa parte dos calotes está voltando aos bancos. Motivo: a queda nos preços dessas carteiras, devido à pouca chance de recuperar o dinheiro. O número de CPFs e CNPJs com dívidas em mais de um banco, cartão ou instituição de crédito está muito alto.
O Itaú, por exemplo, uma das instituições que fizeram oferta, pôs no mercado cerca de R$ 6 bilhões entre créditos vencidos, e vendeu algo como R$ 2,3 bilhões para a MGC Holding, Blue365 e Hoepers. O restante retornou ao banco. Segundo fontes, foi o que ocorreu com a maioria dos R$ 17 bilhões ofertados.
Itaú Unibanco e Bradesco afirmaram que cessões de carteira fazem parte das operações normais do banco e serão efetivadas quando houver benefício econômico. O Bradesco disse ainda que tais operações consideram “o valor da carteira versus expectativa de recuperação e custo da operação”.
O Bradesco disse que “são efetivadas apenas cessões que geram benefício econômico.” Santander e MGC Holding não comentaram. A Blue365 afirmou que “a aquisição de uma parcela da carteira do Itaú fortalece ainda mais a posição” da companhia nesse mercado.
Se o começo de 2023 tem sido marcado por empresas anunciando reestruturação de dívidas e o crescimento dos pedidos de recuperação judicial, há companhias que, por outro lado, tiveram lucros altos e abriram o caixa.
Só no primeiro trimestre, dividendos pagos a acionistas somaram R$ 51 bilhões, alta de 25% sobre o mesmo período de 2022. O valor é recorde, segundo análise da startup Meu Dividendo, que permite ao acionista antecipar o recebimento.
O crescimento dos dividendos no começo de 2023 poderia ter sido ainda maior, não fosse a queda do lucro da Vale. A mineradora viu seu ganho cair 21% em 2022, para R$ 96 bilhões, o que resultou na queda de 75% no valor total dos resultados distribuídos no primeiro trimestre pela Vale.
A Petrobras, porém, compensou a queda dos dividendos da Vale. Com lucro de R$ 188 bilhões no ano passado, alta de 77%, só no primeiro trimestre, a petroleira foi responsável por 27% dos dividendos. Do total distribuído no período, Vale e Petrobras responderam por quase metade, ou R$ 23,6 bilhões. As demais empresas ficaram com o restante.
O levantamento mostra ter havido migração na forma de distribuir lucros, por questão tributária, do tradicional dividendo para a modalidade de Juros sobre Capital Próprio (JCP). Pelas regras atuais, as empresas podem usar o valor pago aos acionistas como JCP para deduzir o valor do cálculo do lucro para fins tributários, o que gera economia de 34% no valor de tributos a pagar sobre a quantia distribuída.
Em contrapartida, o investidor paga 15% de Imposto de Renda na fonte, já descontados no momento do pagamento do valor pela empresa. Do total distribuído no trimestre, 58% foram via dividendos, ante 66% do mesmo período de 2022. Já a modalidade JCP subiu de 33% para 42%.
A Sompo Seguros criou uma área de petróleo e gás, de olho no potencial de crescimento em apólices voltadas a esse mercado, e que terá Thais Delazari como gerente. Ela tem 15 anos de experiência no segmento, e por 11 deles, esteve no IRB Brasil Re, líder em resseguros para o setor.
A Sompo é hoje a quinta colocada em seguros corporativos no Brasil, e quer chegar à terceira posição em cinco anos. O ramo de petróleo e gás é um dos pilares da estratégia, diante dos novos investimentos em exploração.
Delazari afirma que a Sompo pretende operar junto ao braço de resseguros do grupo, para aproveitar a capacidade de assumir riscos da companhia no exterior. Neste ano, o objetivo da Sompo é chegar a R$ 100 milhões em prêmios emitidos no segmento. Em 2022, o setor de óleo e gás movimentou cerca de R$ 1,6 bilhão em seguros no Brasil.